17 agosto, 2014

25 dezembro, 2012

Um blog por aí para espreitar

Se gostam do meu blog, e costumam passar por aqui, e não têm tido muitas novidades talvez seja porque tenho desviado a minha atenção para este fantástico blog www.sapato42.blog.pt Visitem. Seis anos de  (ir)realidades e obrigada por tudo, este blog não deixará de existir, mas será apenas reservada à minha parte mais intimista e que já conhecem. Para mais coisas fixes esse blog é engraçado e merece uma visita.Obrigada.

17 novembro, 2012

Hoje queria-te apenas como o homem que eras há seis anos atrás.Aquele amigo estranho que eu tinha  do quando quisesse e que do nada dizia mesmo a palavra "amor".Queria-te não sexualmente, mas como o amigo que falava de musica e de coisas parvas sem interesse para mais ninguém.Que me falava sobre Itália  e sobre a cidade onde queria viver.Que me prometia mil e uma coisas.Queria essa inocência roubada de acreditar que um dia isso podia ser possível.E queria o nosso primeiro beijo,queria os dias e as noites que ficamos juntos e onde ainda rias comigo e realmente eras mesmo com quem eu sonhava. Queria que fosses real,que estivesses mesmo aqui e não perdido por esse mundo sei eu lá onde,queria que me voltasses a tratar bem e não a ridicularizar-me como por vezes o fazes assim do nada.Queria que parasses de ser malditamente misterioso e que ou me deixasses para sempre ou não me largasses mais.Não se pode viver assim no meio termo.Mas hoje só queria mesmo as palavras que dizias há seis anos atrás,e queria sentir-me acarinhada por alguém, toda a gente merece um abraço reconfortante, e agora o teu era só o que eu queria...


08 novembro, 2012

Casa Agricola




 Eram umas nove da noite quando saí de casa.O frio era tanto que custava respirar,o ar gelado parecia entrar nos pulmões como se fossem pequenas agulhas a perfurar-nos a pele.A noite estava estrelada acompanhada de muito vento, e nem mesmo várias camadas de roupa nos faziam aquecer o corpo.Não sei sinceramente como é que os sem abrigos conseguiam sobreviver durante o Inverno com estas temperaturas, se até dentro de casa fazia frio, como é que eles conseguiam passar uma noite na rua com temperaturas a rondarem os zero graus?A caminho da casa agrícola, bar onde tinha marcado um café com a miúda  ainda passei por alguns cobertos de algumas mantas velhas e algumas caixas de papelão.

Por volta das nove e picos estava à porta do bar, e ou Inês já tinha entrado ou não tinha chegado ainda.Estava demasiado frio para esperar por alguém na rua e decidi entrar e escolher uma mesa.Sentei-me num canto do bar, nuns bancos almofadados e disse que estava à espera de companhia.O bar estava cheio de gente que falava bem alto, a musica de fundo misturada nas conversas provocava um ruído a roçar o insuportável tornando o espaço um lugar pouco desejável para se estar à conversa com alguém.Não fosse um grande grupo de homens e mulheres terem saído uns 10 minutos após eu ter entrado, eu mesma teria ligado a Inês e dizer-lhe-ia para irmos a outro local.

Inês chegou sensivelmente depois.Entrou dentro do bar apressada olhando para todos os cantos onde eu pudesse estar.As roupas dela fazia-me um grande inveja.Trazia um gorro com um padrão vermelho e branco muito engraçado que lhe dava um ar ainda de criança, umas botas de montanha bem quentinhas e um casaco também vermelho.Tive de lhe acenar para ela ver onde eu estava.Quando me viu largou um sorriso de orelha a orelha e dirigiu-se até mim.

- Boa noite Raquel- disse-me cumprimentando com dois beijos na cara e sentando-se ao meu lado- bem está um frio daqueles de matar alguém, não se aguenta andar na rua com este tempo.

- Realmente, está mesmo muito frio, é mais que oficial que chegou o Inverno, o sol de outono já era.O que vais beber?- perguntei-lhe.

- Alguma coisa bem quentinha, preciso mesmo de tirar este frio de cima de mim.

- Gostas de chocolate quente?- perguntei-lhe.

- Claro que sim, qual é a mulher neste mundo que não goste de chocolate? – perguntou-me a rir-se um pouco.

- É verdade sim senhora.Então está decidido, é um chocolate quente para cada uma de nós.
O chocolate quente não tardou em chegar. Bebemo-lo de um trago, tanto era o frio que trazíamos dentro de nós.

- Então Inês  conta-me como é ser universitária nos dias de hoje- comecei por lhe pedir, puxando dedo de conversa.

- a Raquel, foi te disse no outro dia, a universidade está toda mal estruturada, há tantos problemas dentro...
Interrompi-a de imediato não a deixando acabar a frase.

- Ah não Inês, disso já falamos no outro dia.Eu pergunto-me é esses amores.

Ela deu-me um sorriso tímido olhou para a sua caneca de chocolate já no fim e disse-me que amores não eram com ela que a sorte nessa área ainda não tinha chegado perto dela, e que apenas pensava no curso.Eu mostrei o meu cepticismo, dizendo que também outrora já tinha tido a sua idade e não saberia muito bem se acreditava no que ela dissera.A conversa sobre os amores foi se prolongando de tal maneira que sem reparar já a tinha a perguntar-me a mim se alguma vez tinha tido uma grande paixão.

- Grandes paixões- disse rindo-me baixinho- eu não tive grandes paixões Inês, eu tive uma grande paixão.
Ela olhava para mim atentamente com olhos de romântica desesperada, curiosa para saber tudo acerca dessa minha grande paixão.
- Como te disse Inês  foi uma grande paixão, foi, faz parte do passado e está morta e enterrada, os anos passaram e cada um na vida escolheu diferentes caminhos.
- Como é que ele se chamava?- perguntou-me curiosa.
- Carlos, Carlos Mendes.Ele foi a grande paixão da minha vida, e nem eu sei bem o porquê, apenas foi e mais nada, nunca soube bem explicar,mas apesar de tantos anos terem passado eu sei que jamais vou sentir por outra pessoa aquilo que senti por ele- falei de um desabafo só olhando para a caneca e tentando afastar o meu olhar do dela, só depois reparei que estava a expor-me demasiado a uma miúda que eu mal conhecia e calei-me tentando mudar de assunto.
- Faz-me impressão toda essa coisa da vida tomar caminhos diferentes para cada um de nós.O meu tempo aqui na Universidade está prestes a terminar e sinto que isso também vai-me acontecer,essa ideia sufoca-me, o futuro mete-me medo porque é muito incerto.
- Inês  disse-lhe – os verdadeiros amigos, aqueles que são o nosso ombro amigo, não te preocupes, esses estarão sempre lá na estrada da vida- disse-lhe sentido-me realmente quase que a mãe da rapariga e pregando sermões em que nem eu mesma sei se acreditava.
- Espero que isso seja mesmo verdade – disse-me – sinto que ultimamente se não fossem os meus amigos para me apoiarem, nem sei bem o que seria de mim- falou com um ar pesado.
- Que se passa menina? – disse-lhe pousando a minha mão na dela.
- Paixões Raquel, paixões, elas matam os nossos corações.
- Ah, afinal sempre há aí qualquer coisa que não me estavas a querer contar – disse-lhe olhando para ela 
- Acho que podemos discutir isso num próximo café- respondeu-me – agora já está a ficar um tanto tarde e amanha tenho aulas cedo.
Levantamo-nos e dirigimo-nos à caixa para pagar.Eu paguei-lhe o chocolate quente e entretanto ela começou a mandar mensagens no telemóvel para alguém.
Despedimo-nos cá fora,agradecendo pela companhia daquela noite e jurando que a teríamos de repetir.


In, Não Mor(r)o Aqui!

18 setembro, 2012

saudade



Mudei-me para Vila Real alguns meses após ter terminado o curso.Naquela época era bem diferente dos dias que correm, se quisesse teria tido logo trabalho,até poderia se quisesse escolher o melhor sitio para trabalhar,mas como menina mimada que era achei melhor que teria que sair do Porto para bem próprio da minha saúde mental. Afastar-me de alguns fantasmas talvez fosse o melhor a fazer a mim mesma.
Os primeiros dias na aldeia foram fantástico,revitalizantes, praticamente tinha me esquecido da dor pela qual recentemente tinha passado, tinha me esquecido quase de quem seria o Carlos e de que ele tinha apostado tudo numa carreira para me deixar a mim. A dor era tanta que quase imaginava que não seria real, que quase teria sido um pesadelo e foi nestes dias assim que comecei a entender quem é psicótico, quem é esquizofrenico, quando a linha da realidade do que é sonho quase que se mistura.Estava tão convicta em o esquecer que parece que ele nem tinha existido, que me confundia se eu não estaria a dormir e tudo não tivesse passado de um pesadelo, mas de noite tudo vinha à memoria, e tinha alucinações completas dele a viver na Alemanha, com outra pessoa, a viver uma vida longe de mim e eu aqui a chamar e a gritar por ele sem que ninguém jamais ouvisse o meu grito.
Certos dias tentava meditar e tentva manter a calma, mas a solidão em Vila Real também começava a dar os seus sinais de amargura. Os meus avos já não estavam entre nós e a casa apesar de bem conservada encontrava-se às moscas.Tinha tempo para tudo e por vezes tempo a mais.
Por vezes, no silencio da casa muitas vezes durante as longas noites de Inverno e com pouco ou nada para fazer ficava a olhar para as portas, à espera que o Carlos entrasse e me surpreendesse.Por vezes o sonho era tão forte que parecia que via realmente a atravessar o corredor daquela casa velha de pedra,a correr para mim, a abraçar-me fortemente  e dizendo para eu não me preocupar, que o pesadelo tinha acabado e que eu seria novamente feliz ao seu lado.

Como é que consegui sobreviver tantos tempos num outro espaço ainda hoje não o consigo perceber.Estar longe do Porto foi a pior coisa que eu pude ter feito a mim mesma. Para não bastar ter ficado longe de alguém que amava, ainda me arranquei a mim mesma de um espaço que tanto amava. Podia apenas olhar para uma foto da minha cidade (que trazia todo o dia no meu coração) e uma lágrima brotava logo. Claro que os espaços somos nós que os fazemos com as memórias que depois carregamos dentro de nós acerca deles, e talvez seja tudo isso misturado que nos traz ao coração esse sentimento tão profundo de saudade e nostalgia. Por vezes é um sentimento bom  mas a maior parte das vezes ,para mim, tornava-se somente doloroso. Não era bom estar longe,nem do Porto nem do Carlos. Claro que Vila Real, por terras dos meus avos, nem tudo era mau. Tinha tempo para colocar as minhas leituras em dia, e ter aquele prazer de me sentar numa velha cadeira debaixo de uma árvore e ficar toda a tarde sossegada a ler enquanto  apanhava  sol.Era bom igualmente ouvir a chuva em dias de inverno, ver as estações do ano com outro olhar e ver principalmente chegar o Outono ( ainda hoje a minha estação do ano preferida) e ver pores-do-sol magníficos ao fim da tarde no campo, ver as árvores a perderem as suas folhas e a ficarem nuas e comer fruta arrancada directamente das árvores. Porém os dias tornavam-se repetitivos e vazios de sentido num espaço que a mim não me pertencia, a vida em criança lá seria muito mais preenchida, tudo estaria á descoberta, mas passado um mês, para uma adulta numa espécie de crise existencial já nada havia de novo para observar e as memórias que durante um mês pareciam ter sido eliminadas voltavam devagar à mente noite após noite, tornando cada noite que se aproximava o inicio de um pesadelo. Mas eu sabia que no Porto  também não podia estar mais, eu adorava a minha cidade e por isso para poder voltar a viver nela com serenidade tinha que tentar criar um novo conceito para a mesma, longe das recordações que ela trazia para mim do Carlos e de tudo o que com ele tinha vivido. Mais tarde iria aperceber-me do quão ingénua tinha sido. Não se apaga simplesmente da memória coisas que ficaram para sempre gravadas no coração e por mais que tentemos, certos lugares e certas pessoas vão nos acompanhar até ao fim dos nossos dias, quer queiramos ou não.Só que naquela altura era muito jovem para perceber tudo isso,e pensava que com novos objectivos e um novo projecto de vida poderia ser feliz e esquecer o passado. Estava enganada,a idade iria me ajudar a perceber que as coisas que marcaram a nossa vida, tanto as boas como as más estarão sempre connosco e isso não conseguimos alterar, só temos de aprender a lidar com elas, e essa é a parte mais difícil, aquela que nos põem à prova da pessoa que realmente somos."




In Não Mor(r)o Aqui, Araci Almeida





17 setembro, 2012

será isso pedir muito?

Todos os dias visito o meu blog, ás vezes talvez com a ideia de olhar para isto e ver alguma coisa que me dê inspiração para voltar a escrever. Mas são tempos difíceis e complicados, ( parece que o são sempre eu sei), mas a crise está por todo o lado, até na falta de temas para escrever. O tédio está a levar a melhor parte de mim.Todos os dias são iguais e acho que o meu quarto nunca esteve tão limpo e arrumado como nestes tempos. Todos os dias procuro algo de sujo que nele possa existir para o poder limpar,um grão de pó,umas calças por passar a ferro, um papel que não serve para nada e que logo coloco para reciclagem. Mais recentemente decidi que ao acordar vou correr.Isto dura já há alguns dias e as minhas pernas bem que se têm queixado,mas o que doí no corpo dói depois menos na alma. É pena que a corrida dure tão pouco tempo, porque as vezes desejava nem voltar logo para casa.Ha uma ou duas semanas atrás fui trabalhar dois dias para o fórum de Viseu na minha velha profissão de promotora. Querem a verdade? Estou me a marimbar para o dinheiro, quase que teria feito aquilo de graça,só pelo facto de poder estar ocupada e de me sentir útil a fazer alguma coisa, de acordar num dia e pensar " hoje tenho algo para fazer,algum sitio a onde ir, pessoas com quem me cruzar", e foram de facto dois dias espectaculares. Jamais pensaria antes que ir fazer promoções fosse assim tão espectacular, porque em si não há nada de muito espectacular naquilo senão uma grande dor de pernas e costas no final do dia. No segundo dia a viagem para casa de noite, a sozinha foi simplesmente fantástica. Conduzir, de noite, sozinha deu me uma adrenalina que há muito não sentia. Para ajudar tinha " roubado" a velha cassete com gravações dos metallica ao meu irmão e aquilo veio a tocar a toda a hora e eu aos berros pela estrada toda fora toda eufórica, a viagem estava a saber tão bem que a minha vontade era continuar a conduzir toda a noite para um qualquer lugar onde não houvesse este meu olhar triste. No dia seguinte a velha rotina de não fazer nada voltou e eu ainda com a adrenalina do dia anterior a correr me nas veias só desejava pegar na carrinha e voar até viseu.O pior do desemprego, para mim, não é só o não ter dinheiro, o dinheiro vem depois,é a falta de realização pessoal, a perda de objectivos de vida, a falta de esperança que me está a atacar a cada dia que passa, a tristeza em que a nossa sociedade está mergulhada, a falta de animo e a falta de esperança num futuro que a mim nunca me pareceu tão negro como agora....Enquanto isso vejo os meus amigos a voltarem para a faculdade para poderem como eu terminar  o curso, só me pergunto é " para quê mesmo?", " A cultura é muito bonita,mas actualmente nem ministério " disso" temos...Eu só queria ter um emprego,uma vida normal, sair de casa dos meus pais e poder erguer-me sobre os meus dois pés sem ajudas,será isso pedir muito?

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