O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN
Delicado, leve, agradável ... fofo como a carinha de menina travessa da atriz Audrey Tatou no pôster do filme
:: Amélie Poulain é uma jovem tímida mas simpática que trabalha como garçonete num café de Paris e mora sozinha. Divide seu tempo entre as visitas a seu pai e pequenos prazeres, como jogar pedrinhas no rio (...). Um dia ela descobre, dentro da parede de seu apartamento, uma caixinha com objectos de um menino que morara lá muitos anos antes. Ela resolve achar o seu dono para entregar-lhe a caixa, e, comovida com a reação dele, Amélie decide se tornar uma espécie de fada madrinha, se divertindo em alegrar as pessoas a sua volta por meio de pequenos gestos. |
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torno do par romântico de Amélie Poulain e Nino (que é, talvez, o único personagen sem muitos traumas emocionais), nem das suas ações de fada madrinha, nem das várias historinhas paralelas de outros personagens problemáticos. Tudo é apenas uma questão de fazer a doce Amélie prestar atenção em si mesma, deixar seu mundinho viajante cultivado desde a infância e enfrentar seu medo de frustração para buscar seu sobjetivos, seus desejos, para aproveitar o mundo real como ele realmente é, sem exagerar os factos. De acordo com isso, a história do fantasma da máquina |
fotográfica é como um resumo da moral da história subentendido. |
O Fabuloso... não é um filme convencional. Ele é singular, especial, cheio de detalhes e características marcantes. O narrador - anônimo - dá ao filme um toque de fábula. Pra isso ajudam também as apresentações de cada novo personagem, não com relatos gerais sobre a pessoa, mas citando coisas mínimas que ninguém diz quando se apresenta. Assim, ficamos sabendo que a mãe de Amélie não gosta dos dedos enrugados depois de um banho quente, que o dono da caixinha encontrada por Amélie tem uma maneira própria de comer seu frango assado, e que a própria Amélie adora enterrar a mão em sacos de grão. Tudo muito prosaico. As cores do filme são outro detalhe incrível - vivas, fortes, vibrantes, mas nunca agressivas, berrantes. As roupas da personagem principal têm sempre alguma parte vermelha. As cores parecem fazer o espectador arregalar o olho como faz a atriz Audrey Tatou, que vive a adorável Amélie. Aquela carinha fofa de menina travessa do cartaz do filme é a expressão dela a maior parte do tempo. E ela está óptima no papel, assim como a maioria do elenco. |
Em diversas cenas há recursos teatrais, alguns um tanto metafóricos, que aparecem aqui e ali para enfatizar uma sensação especial, ou só para o espectador achar bonitnho mesmo. As fotos falam em momentos estratégicos, o bonequinho do abajour, antes apenas um objecto, momentaneamente toma vida e apaga a própria luz, a televisão narra a trajetória triste de Amélie que na verdade só está passando na cabeça dela... Além do memorável momento em que Amélie, imersa em profunda tristeza, simplesmente - e literalmente - derrete! | ![]() |
É claro que, mesmo impecável, o filme tem alguns defeitos - insignificantes, frente a sua qualidade |
![]() [ Amélie e Nino ] | geral. Mas tudo bem. Acho, por exemplo, que a personalidade de Amélie e seus dilemas de introversão não condizem, muitas vezes, com suas atitudes. Ela não parece ter tanta dificuldade, para uma pessoa que diz ter vivido sempre isolada, sozinha, fantasiando em seu mundinho particular. E, claro, tinha que ter um romance com happy end(não estou adiantando nada! nos primeiros dez minutos qualquer um já tem certeza de que vai ver um final feliz), ou não teria graça. |
Enfim, Amélie Poulain é leve, delicado, fofo, engraçadinho... tudo feito para você se apaixonar. Algumas pessoas podem achá-lo meloso, bobo, superficial. É possível encará-lo dessa forma se você não tiver em mente que o objetivo do filme não é uma reflexão, nem uma análise, nem uma crítica à la cinema europeu típico ... é apenas gostoso de assistir, sem ser descartável, e nisso ele é extremamente bem feito. Tanto que foi o maior sucesso na França, chegou a concorrer em 5 categorias do oscar (mas não ganhou nenhuma). O mais legal é que os detalhes se infiltram em cada cena do filme e chamam atenção, pedindo que reparemos neles. Sabe aquelas pequenas coisas que costumam passar despercebidas, mas que, no fundo, geram hábitos, e que todo mundo adora? Pois no final do filme você acaba prestando mais atenção nesses detalhes, e, inevitavelmente, lembra de Amélie Poulain. As várias brincadeiras de criança exibidas durante a introdução do filme são o melhor exemplo disso. Aposto que você também se identifica com várias delas. ![]() |




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