15 fevereiro, 2012

O que fazer?

Quando temos 17 anos e parece que ainda temos um monte de coisas para descobrir na vida, indecisões não fazem bem parte dos nossos planos, muito pelo contrario. O mundo é o nosso palco. Escolhemos um curso universitário com a inocência de que vais ser aquilo que nos vai tornar feliz, apenas sabemos que vamos para a Universidade e na nossa imaginação vão ser uns maravilhosos anos. Parece que foi ontem que entrei na faculdade, com o cabelo encaracolado até aos ombros, esquelética, com um sorriso enorme e principalmente super ingénua e inocente em relação a tudo o que se iria passar.

Eu tinha já tudo bem esquematizado na minha cabeça : faria parte da praxe, adoraria aquela vida académica, seria a caloira mais fixe do meu ano, vestiria um traje ficaria super orgulhosa disso mesmo. As coisas tomaram um bocadinho um rumo diferente, digamos que cortei o cabelo curto dizendo adeus aos caracóis, fiquei mais encorpada ( sinonimo para = engordei mais uns kgs), tornei-me anti-praxe, recusei-me a ter um traje académico e influenciei todas as pessoas possíveis e imaginarias a não fazerem parte dessa maquina idiota que se chama 'praxe', sim as coisas realmente mudaram um bocadinho desde que fui experimentando os meus anos de vida académica.

Também jurei que jamais algum homem iria mexer com a minha cabeça e que todos os momentos que pudesse viver com esses seres do sexo masculino seriam contados apenas na minha lista como 'diversão'. Afinal, a diversão que vivia ao inicio, tornou-se no final uma obsessão tão grande que perdi um ano da faculdade à custa de desilusões amorosas ( que patético, que ridículo, que mulherzinha). Sim, uma vez mais as coisas não aconteceram como era o esperado.


Também pensei que jamais eu pudesse viajar para um outro lado do mundo tão cedo e afinal fui de Erasmus nem mais nem menos para o Brasil, apesar de me roer de saudades de Portugal. Não deixo de ser a típica portuguesa que critica este jardim à beira mar plantado mas ,quando se ausenta, chora de saudades das suas gentes.

Pensei também que iria adorar este curso ,e no final de contas estou mortinha para me ver livre da faculdade de letras da universidade do porto que foi sem duvida uma grande desilusão para mim. Uma vez lembro-me que estava à espera de entrar para uma oral de espanhol, super nervosa e virei-me para um miúda muito 'fofinha' e disse-lhe :
- " gosh,eu sou mesmo péssima em línguas!"
Ela,logo com uma resposta certeira e na ponta da língua disse-me  sem rodeios :
- " Então que raio estás a fazer aqui?"

Aquela resposta, apesar de conter uma certa verdade deixou-me, como seria obvio, meia arrasada. E se eu naquele ano já andava com duvidas acerca de tudo, a pôr em causa TUDO, aquela frase veio abater-me um bocadinho mais.


A verdade é que quando decidi candidatar-me a este curso eu não sabia o que me esperava. O meu entusiasmo para sair de casa era tão ou maior que o desejo de entrar na universidade num determinado curso. Uma coisa não mudou muito desde os meus 17 anos. Na altura eu não sabia o que queria, apenas queria sair de casa. Agora com 21 continuo a não saber o que quero ( mas alguém saberá?), apenas sei que quero sair da Universidade.


Uma etapa da vida chega ao fim e para mim não faz mais sentido continuar a estudar, pelo menos não naquela faculdade que eu odeio, portanto a possibilidade de fazer mestrado está bastante fora da mesa. Claro que nunca se sabe o que se irá passar, mas tenho as minhas duvidas. Quando meto na cabeça que não gosto de certa coisa, chego ao ponto de a odiar.Quero ver coisas novas, ganhar dinheiro ( sou uma capitalista da merda), ganhar experiência. O pior de tudo é que eu não sei como começar, por onde começar ou o que raio eu possa saber fazer. Perdi 4 anos da minha vida num curso que não me deu ferramentas para trabalhar.


O problema é que eu não sei o que as pessoas do meu curso fazem ( isto sim é um grande problema!!!).Que raio pode fazer da vida uma pessoa licenciada em Línguas e Relações Internacionais? Pior, as saídas que isto possa ter em nada me atraem. Ainda estou por descobrir o que gosto, o que amo, e aquilo que eu realmente quero fazer para a vida. Não é de estranhar que me sinta desanimada quando ainda, com esta idade, não sei o que gosto de fazer...


Mas alguém saberá?

Um comentário:

Caracóis d'Oiro disse...

Minha querida,

a entrada no mercado de trabalho e vida laboral pode ser uma experiência traumatizante lol e frustrante se realmente as nossas expetativas saírem furadas... chega a uma certa altura que teremos que revestir os nosso sonhos com a realidade (que neste momento não é muito apelativa) e as soluções passam por nunca desistirmos, fazermos uma busca constante, reciclarmos-nos, apostar em vertentes diferentes. delinear novos objetivos seja a curto ao longo prazo e acima de tudo nunca desistir... e se os planos sairem furados outra vez, uma pessoa levanta-se começa tudo do zero... sendo muito cliché... o que interessa é não parar :)

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