Ela estava super entusiasmada. Queria, com todas as suas forças de menina, adolescente e mulher, sair de casa, quebrar a aliança paterna e se aventurar. O pai não queria deixar a sua menina sair debaixo do seu olhar castrador. Mas foi, com a vigília do irmão mais velho, por vezes mais pesada que vigília de pai.
Foi uma jornada a pé, com os irmãos, até chegar na festa de verão da aldeia ao lado.
Muita gente, mulheres, mas não como ela.Com mais experiencia, mais atrevidas, mais faladoras, mulheres sem vergonha na cara.
Muitos rapagões, mas não como ele, de barba ainda a crescer, mal vestidos, sem charme, sem saber o que realmente é a dura vida de um homem, sem saber como falar com uma donzela.
Ele até podia ser atrevido, mas tinha o charme, até quando puxava um cigarro e o fumava. Tinha o jeito necessário para deixa-las coradas, loucas, a suspirar, e ainda mais atrevidas, faladoras.
Quando ele passava era um murmúrio de comentários, olhares devoradores, e da parte dele, cada vez mais, a indiferença.
Ela, tímida, encontrava-se acorrentada ao irmão. Uma menina, adolescente, mulher bela, belíssima aliás, com calos do trabalho, com alegria de jovem, e com um sorriso de inocência.
O universo dos dois chocou-se, misteriosamente por essa corrente do acaso ,que os podia ter prendido no lar e os levou a ir.
“Concedes-me esta dança?”.E ela concedeu-lhe isso e um sorriso.
“Escreves me cartas?” perguntou-lhe.
E durante a semana corria ela energicamente, e lia. Linha por linha, escrita pela tinta de uma maquina de dactilografar, e suspirava. Cartas de amor, versos ternos.
Ao domingo ficavam juntos, sorrindo, corando, e dando asas ao sentimento mais nobre de todos.
A história continuou, e perdura há 27 anos.Com luz e pedras no caminho…mas já dizia Pessoa “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo.”
O vosso castelo é dos mais bonitos onde vivi.
Obrigada pela vossa linda historia.
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